Mais de metade dos atletas do sexo masculino admitiu já ter usado insultos homofóbicos ou já ter ouvido colegas de equipa a fazê-lo. Existe, ainda hoje, um grande impacto da discriminação no atleta LGBTQ+, que se vê, em determinadas situações, obrigado a ficar “no armário” para não enfrentar o estigma e o insulto. No final, todos perdem: os atletas pelo impacto psicológico, o desporto por perder potenciais atletas, e a sociedade por perpetuar um problema que já devia ter levado cartão vermelho há muito tempo.
“Sou futebolista, e sou homossexual”. Foi desta forma que, no ano passado, Josh Cavallo se tornou no primeiro futebolista ainda no ativo e pertencente a uma liga profissional a assumir publicamente a sua homossexualidade. Através de um vídeo publicado nas redes sociais, o jogador da equipa australiana Adelaide United desabafou: “Tudo o que quero fazer é jogar futebol, e ser tratado de forma igual. Quero (…) mostrar que todos são bem-vindos no futebol e merecem o direito de assumirem o seu eu autêntico. É espantoso saber que atualmente não há futebolistas profissionais a assumirem a sua homossexualidade”.
A sua confissão foi notícia em vários jornais, e despoletou comentários variados. Alguns evidenciavam com tristeza o facto de, em 2021, um atleta fazer este tipo de declarações ainda ser notícia e uma exceção à regra. Outros realçavam a coragem de Josh em finalmente se assumir, e assim ajudar a tornar esse passo mais fácil para quem também o quiser dar. Mas nem todos os comentários foram positivos e tolerantes. “O que é que isso interessa?” ou “és bom para apanha bolas!” foram apenas alguns dos vários insultos deixados por fãs da modalidade na caixa de comentários da publicação.
Em contraste, os Jogos Olímpicos deste ano, realizados em Tóquio, contaram com o maior número de sempre de atletas pertencentes à comunidade LGBTQ+: pelo menos 186 dos desportistas participantes eram homossexuais, bissexuais, transgénero e/ou queer.
Será o desporto uma área pautada pela homofobia e pela intolerância? A prática desportiva ainda está reservada para aqueles que se enquadram no ideal masculinizado do atleta? A verdade é que os últimos anos trouxeram consigo avanços históricos no que toca à inclusão e aceitação da comunidade LGBTQ+ no mundo do desporto. Ainda assim, e talvez como reflexo da sociedade, a discriminação com base na orientação ou identidade sexual continua bastante presente e normalizada na esfera desportiva.
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