No passado 6 de novembro, André Ventura foi reeleito líder do Chega com 94,78% dos votos. Desde que conquistou assento parlamentar na Assembleia, o político já se demitiu e recandidatou à presidência do partido três vezes.
André Ventura foi eleito líder do Chega na 1.ª convenção do partido, nos dias 29 e 30 de junho de 2019, em Oeiras. A sua eleição, com 94% dos votos, foi a primeira da história do partido, que se havia fundado há pouco mais de dois meses. Dois anos volvidos, Ventura mantém-se o incontestável líder do partido de direita radical, ainda que já tenha sido reeleito para o cargo três vezes.
Reeleição nº1 - 5 de setembro de 2020
"Farto" e "cansado" daqueles que "boicotam" a direção do partido. Foi assim que André Ventura se demonstrou quando apresentou, a 4 de abril de 2020, a sua demissão da presidência do partido, em conjunto com a garantia da sua candidatura.
A demissão teve lugar num período marcado por confrontos internos no partido. Numa mensagem de WhatsApp revelada pela revista Sábado em março de 2020, o líder do Chega acusava pessoas do partido de "andar nas redes sociais a lançar lama sobre os outros". À mesma revista, uma fonte do partido falou do ambiente de tensão no cerne do mesmo e apontou o indivíduos com "sede de poder" e que "têm as autárquicas no horizonte". O próprio André Ventura, referiu ainda que o seu partido estava a "dar aos portugueses um espetáculo deplorável nas redes sociais".
Em declarações ao Observador, fontes próximas de Ventura, alegaram que as críticas por parte de apoiantes do partido se agravaram quando o deputado único do Chega se absteve na votação do decreto presidencial para a renovação do estado de emergência, depois da sua declaração a 18 de março.
A 5 de setembro de 2020, André Ventura foi reeleito com 99,1% dos votos, de acordo com o anúncio do presidente da mesa da convenção do partido, Luís Filipe Graça, no Facebook. O fundador do Chega foi candidato único.
Reeleição nº2 - 6 de março de 2021
Cerca de um ano antes das Eleições Presidenciais de 2021, em fevereiro, André Ventura apresentou-se como o primeiro candidato à corrida a Belém. Em setembro do mesmo ano, depois da sua reeleição como líder partidário, foi a vez da ex-diplomata Ana Gomes se apresentar como candidata à Presidência da República.
Em declarações à Lusa, depois do anúncio da candidata socialista, Ventura considerou Ana Gomes a "candidata cigana" das presidenciais, enquanto se definia a si mesmo como o "português comum". O presidente do Chega afirmou, ainda, que Ana Gomes seria a pior candidata de sempre e ameaçou demitir-se do seu cargo enquanto líder partidário, caso obtivesse um resultado pior do que o da ex-eurodeputada.
A 24 de janeiro, nas Eleições Presidenciais, Ventura terminou no terceiro lugar com 11,90%, atrás de Ana Gomes, que conseguiu 12,97% dos votos. Perante os resultados e tendo em conta a promessa que havia feito, André Ventura acabou por formalizar a 29 de janeiro o seu pedido de demissão.
Assim, a 6 de março de 2021, voltou a ser reeleito, desta vez com 97,3% dos votos.
Reeleição nº3 - 6 de novembro de 2021
Em setembro de 2021, o Ministério Público (MP) pediu, junto do Tribunal Constitucional, a invalidação de todos os atos do Chega desde o congresso de setembro de 2020 do partido. Em causa estaria a ilegalidade da convocatória para o mesmo e da introdução de alterações aos estatutos do partido. Apesar da contestação de Ventura, o Tribunal Constitucional deu razão ao MP e invalidou, assim, todos os atos do Chega desde setembro.
Perante isto, o Chega teve de convocar um congresso extraordinário no qual tiveram lugar, mais uma vez, eleições. Pela primeira vez desde a fundação do partido, André Ventura teve um adversário eleitoral - o empresário Carlos Natal.
A 6 de novembro, André Ventura conseguiu, de novo, a reeleição para presidente do Chega com 94,78% dos votos, enquanto Carlos Natal obteve 5,22% dos votos.
No rescaldo da sua vitória, Ventura aceitou "com orgulho e confiança" a tarefa incumbida pelos militantes do seu partido e assegurou que podem confiar no deputado para levar o partido "até ao Governo".
André Ventura já se assumiu como candidato nas Eleições Legislativas de 2022, que se realizarão a 30 de janeiro.
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