O aumento na procura durante a pandemia, seguido pelos novos lançamentos de grandes artistas, está a levar o mercado de produção de discos de vinil a uma crise. Artistas e editoras independentes queixam-se de serem os mais afetados pela situação.
Durante a pandemia, os fãs de música viram-se obrigados a apoiar os artistas de outras formas que não os bilhetes para espetáculos ao vivo - nomeadamente através da compra dos álbuns em formatos físico, que atingiram um pico em Julho de 2020. A escassez global na cadeia de abastecimento de matérias primas como PVC (o plástico comummente conhecido como vinil) e produtos de papel também tem vindo a influenciar os prazos de produção de discos desde o ano passado.
A Sony Music encomendou a produção de meio milhão de cópias de "30", o mais recente lançamento de Adele. Ed Sheeran, Elton John, ABBA, Taylor Swift e Coldplay são alguns de entre dezenas de grandes artistas que também apresentaram novos trabalhos desde o mês passado.
A conjugação de todos estes fatores está a levar a atrasos nunca antes vistos na impressão de álbuns neste formato, cujas consequências serão sentidas maioritariamente pelos pequenos artistas e editoras. Acontece que as grandes editoras como a Universal, a Warner Music Group ou a Sony Music têm uma capacidade incomparável de reservar vagas para produção de discos junto das fábricas, priorizando os grandes lançamentos. Isto faz com que sejam deixados de lado não só os artistas mais pequenos destas grandes editoras, como também - e com consequências mais gravosas - as editoras e músicos independentes.
As lojas onde os discos são vendidos podem vir a sofrer igualmente com esta situação. Por exemplo, Ben Savage, dono de um pequeno estabelecimento em Birkenhead, Inglaterra, decidiu boicotar o mais recente lançamento da cantora Adele, recusando-se a comerciá-lo. Alega que se tem vindo a tornar impossível obter os álbuns best-seller para a sua loja, e aponta ainda o dedo às fábricas em si, por aumentarem os preços das edições já existentes ao invés de contratarem mais mão-de-obra de forma a poderem dar resposta à elevada procura.
Os tempos de espera para a abertura de novas vagas para impressão de discos de vinil rondam neste momento os seis a oito meses. No ano passado, o valor da vendas de discos de vinil ultrapassou o valor das vendas de CDs pela primeira vez desde 1986.
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