Independente tomou posse esta quarta-feira, no Pavilhão Rosa Mota, do seu terceiro e último mandato como presidente da Câmara do Porto e garantiu que a cidade será uma voz de independência e de liberdade face ao “centralismo que tanto mal faz ao país”.
Um Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota cheio de gente acolheu, esta quarta-feira (20), a cerimónia de tomada de posse dos membros eleitos para a Câmara Municipal do Porto e para a Assembleia Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Foi na presença de personalidades como o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos e o Presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, que Rui Moreira iniciou o seu terceiro discurso de tomada de posse com a palavra “Obrigado”. Diversas referências literárias como “As Farpas” de Ramalho Ortigão serviram de mote para um discurso que focou sobretudo o objetivo de “manter a identidade do Porto”. No entanto, o presidente reeleito da autarquia afirmou ser necessário “alterar velhos paradigmas” e continuar o processo de modernização da cidade.
Acerca do acordo de governação com o PSD, Rui Moreira referiu que este concede ao Porto a “estabilidade” que a cidade “merece e precisa”. Vladimiro Feliz, cabeça de lista do PSD e vereador eleito, apontou também, antes da cerimónia de tomada de posse, que o acordo fortalece a estabilidade governativa na Câmara. Aos jornalistas, o social-democrata referiu ainda que não era “essencial” o PSD ter pelouros atribuídos.
Nas promessas para os próximos quatro anos, Rui Moreira reforçou que quer concluir os “projetos que a pandemia atrasou”: o Mercado do Bolhão, o Terminal Intermodal de Campanhã, a reabilitação do Cinema Batalha, a Extensão da Biblioteca Municipal e o projeto de reconversão do antigo matadouro. A freguesia de Campanhã foi também apontada como uma prioridade, pelo seu potencial para ser uma “alavanca de desenvolvimento para a cidade”.
Para as juntas de freguesia do concelho, Rui Moreira deixou também garantias: prometeu um “reforço das competências” acompanhado pelos “recursos indispensáveis”.
O autarca salientou também o compromisso de “trabalhar sem descanso na sustentabilidade ambiental, social e económica da cidade” e de ter em conta a “inevitável e fraturante agenda da descarbonização” de forma a não comprometer o futuro dos mais novos.
Ao longo do discurso, que durou cerca de meia hora, Rui Moreira saudou a capacidade crítica da sua “cidade irresoluta”, e referiu ser importante tudo estar “em permanente discussão pública”. Aproveitou ainda para garantir que o Porto será sempre uma “voz de independência e de liberdade face aos poderes instalados, ao centralismo que tanto prejudica o país”.
Rui Moreira considerou também “ser urgente para a democracia” promover a “federação dos milhares de cidadãos que continuam a acreditar nos candidatos independentes” e manifestou total disponibilidade para “dar corpo a esta ideia que tem as fundações na AMAI – Associação Nacional dos Movimentos Autárquicos Independentes”. O autarca afastou, no entanto, “qualquer cenário de liderança”.
Perto do fim do discurso, o presidente da Câmara do Porto prometeu tentar ser “positivo e agregador” no seu último mandato, tendo em conta o “frio económico e político” que advirá do “inverno pandémico”. Afirmou também que, “como sempre em momentos difíceis”, Portugal vai precisar do Porto e o Porto não faltará a Portugal.
A par de Moreira, que presidirá ao executivo municipal, tomaram posse esta quarta-feira 12 vereadores. Pelo Movimento Aqui Há Porto, foram eleitos Catarina Araújo, Cristina Pimentel, Filipe Araújo, Pedro Baganha e Ricardo Valente (todos “repetentes” do executivo anterior); pelo Partido Socialista, assumem lugar na vereação Tiago Barbosa Ribeiro, Rosário Gambôa e Catarina Santos Cunha; pelo Partido Social Democrata, foram eleitos Vladimiro Feliz e Alberto Machado; pela CDU, Ilda Figueiredo e, pelo Bloco de Esquerda, Sérgio Aires.
Falta saber qual será a distribuição de pastas no executivo municipal, sendo certo que haverá lugar a mexidas, uma vez que o vereador com a pasta da Habitação e Coesão Social, Fernando Paulo, não foi eleito. A primeira reunião pública do novo executivo municipal está já agendada: será na próxima segunda-feira, pelas 10h00.
Também o presidente da Mesa da Assembleia Municipal foi escolhido esta quarta-feira. Numa reunião que se seguiu à cerimónia de tomada de posse, Sebastião Feyo de Azevedo foi escolhido para o cargo com 30 votos (a escolha do candidato do PSD ao lugar foi um dos pontos do acordo pós-eleitoral que o movimento de Rui Moreira fechou com os sociais-democratas). Alberto Martins, candidato do PS ao cargo, recolheu 16 votos.
Rui Moreira foi reeleito a 26 de setembro com 40,72% dos votos. O terceiro e último mandato como presidente da Câmara termina em 2025.
Artigo publicado originalmente no jornal online JPN
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