top of page

Subida das taxas de juro: uma miragem, ou uma realidade no horizonte?

  • Foto do escritor: Fernando Costa
    Fernando Costa
  • 26 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jan. de 2022

Com a crise energética e as tensões inflacionistas na zona euro prevêem-se subidas nas taxas de juro. Ainda que as previsões não apontem para que esta subida se dê já em 2022, os especialistas alertam para a importância de estar atento a este fenómeno.

Foto: Guilherme Santos / Sul21.com.br

À semelhança do que acontece quando um particular pede ao banco um empréstimo, quando um banco precisa de financiamento e pede um empréstimo ao Banco Central Europeu, paga uma determinada taxa de juro por esse empréstimo. Quanto maior for a taxa de juro, maior a dificuldade do banco em reembolsar o financiamento. Desta forma, uma taxa de juro alta favorece a entidade que empresa dinheiro ou o aplica em depósitos, mas dificulta o financiamento de empresas ou particulares.


Para Christine Lagarde é "muito improvável" que haja condições para que se assista este ano a um aumento das taxas de juro. A 3 de novembro, na sessão solene do 175º aniversário do Banco de Portugal, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) defendeu que, tendo em conta as tensões inflacionistas na Zona Euro, terá de haver muito cuidado na retirada de estímulo financeiro às economias. No entanto, desvalorizou a subida de inflação, referindo que "as perspetivas para a inflação no médio prazo permanecem moderadas".


Por outro lado, Rui Leão Martinho afirmou que a subida das taxas de juro é "inevitável" e defendeu ser necessária atenção para o fenómeno da inflação, que definiu como "rasteiro e silencioso".


Além da inflação. também a deflação - a descida generalizada de preços - provoca alterações ao nível da estabilidade dos preços. Esta é essencial para a esfera social e política, já que a subida ou a descida súbita de preços dificulta a capacidade de tomar decisões de consumo. A estabilidade de preços também é essencial para a estabilidade do sistema financeiro, tendo em conta que as variações de inflação prejudicam a solidez dos bancos que acabam por precisar de empréstimos para se financiarem.


Para Janet Yellen, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, em declarações à CBS o controlo da pandemia da covid-19 pode ser um passo muito importante no controlo da inflação. Yellen explicou que o receio de muitos trabalhadores de voltar ao local de trabalho e as alterações de procura de bens associados ao confinamento e ao trabalho remoto podem explicar a inflação nos EUA. Na mesma linha, Rui Leão Martinho refere que a pandemia da covid-19 acentuou assimetrias e desigualdades entre nações, o que acabará por influenciar a evolução do crescimento destes países.


Segundo um relatório da agência de rating DBRS Morningstar, o aumento das taxas de juro "estruturalmente positivo para as receitas dos bancos europeus", ainda que, usualmente, as baixas taxas estejam associadas a baixos custos de risco, e vice-versa. No entanto, o mesmo relatório indica que caso a resposta do BCE ao aumento da inflação tardar, pode levar a um aumento maior e menos gradual das taxas e, assim "afetar negativamente a qualidade dos ativos dos bancos".


Nos Estados Unidos, registou-se em outubro de 2021 a subida mais rápida nos preços desde os anos 90, situando-se o índice de preços ao consumidor nos 6,2%. Na Europa, a tendência ascendente dos preços já se começou a notar, apesar do BCE "assegurar" que a subida das taxas não ocorrerá em 2022.


O BCE tem um papel central na estabilidade de preços, dado que é o próprio que decide as taxas de juro oficiais do Eurossistema. As alterações ao nível das taxas de juro oficiais leva a um processo dinâmico de alterações económicas que culmina nos fenómenos de oferta e procura de bens e trabalho ou na fixação de salários e preços.

Comments


bottom of page