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  • Foto do escritorFernando Costa

Opinião: O chumbo do Orçamento de Estado e as maravilhas da democracia

O Orçamento de Estado foi chumbado, todos são responsáveis e ninguém é. Num campo de batalha preparado, apenas há um vencedor anunciado à partida: a democracia.


Foto: Hugo Cadavez

Os dedos em riste apontam em todas as direções. O tom acusatório paira no ar. A este ponto, quase todos os partidos foram acusados de serem os vis culpados pela crise política (e fosse só política!) que se avizinha. Ora a direita porque (sem qualquer surpresa) se manifestaram, logo à partida, negativamente perante o Orçamento de Estado; ora o Governo pela construção do próprio OE e pela alegada pouca flexibilidade para o entendimento com os ex-parceiros da geringonça; ora o PCP e o BE por não terem ajudado como “era a sua obrigação” a viabilizar o documento.


É importante, portanto, enquanto não se tiram da gaveta os cachecóis, as bandeiras às cores e as promessas para as eleições que se avizinham, olharmos à nossa volta e perceber que se respira democracia no ar.


Por mais sólidas e robustas que sejam “as Geringonças” deste país, é perigosa a possibilidade de qualquer coligação se tornar - mais do que um acordo entre partidos com ideologias que se conjuguem e potenciem - uma massa amorfa que visa apenas a maioria parlamentar. Nenhum acordo pode cegar o espírito crítico e a vontade de lutar por mais e melhor, independentemente do que isso seja.


A morte da geringonça – que muitos consideram, ou surpreendentemente tardia, ou precoce – em si mesma, mostra-nos ainda várias realidades importantes. À esquerda, percebemos que a “hegemonia” do PS – tal como se verificou em menor escala nas autárquicas – já não é o que era. O BE e o PCP travaram a tempo (e ainda bem) o processo que os tornava meros apêndices do Governo. Já o PAN continua numa área cinzenta que merecia uma análise aprofundada, por si só.


A direita, apesar do fogo amigável e das crises internas constantes, pode agora abrir brechas de oportunidade para apresentar alternativas ao socialismo e conquistar, por desistência, uma nova chance de mostrar a pujança e a força do passado.


O presente é de comoção e no futuro avizinha-se um caos político, económico e social. Entretanto, de olhos na tempestade, podemos afirmar que a democracia está bem de saúde e permitirá que o panorama político português não se mantenha estagnado e volte, finalmente, a ser interessante.

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