James Webb foi o nome dado ao telescópio espacial desenvolvido pela NASA. O seu propósito é identificar radiação das primeiras estrelas que surgiram no universo e descobrir vida extraterrestre.
Foi lançado a 25 de dezembro o maior e mais potente telescópio espacial da história. James Webb foi nomeado em honra do ex-administrador da NASA que esteve na liderança da agência norte-americana durante a década de 1960, nos anos da ida à Lua. É um projeto que demorou 25 anos e 10 mil milhões de dólares para ser construído.
Esta conquista da astrofísica surgiu do esforço conjunto entre a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla original), a Agência Espacial Canadiana e do Observatório Webb. A NASA pretende procurar a luz dos primeiros astros a surgir no universo, explorar nosso sistema solar, e ainda exoplanetas - ou planetas que orbitam em torno de outras estrelas.
Foi lançado para o espaço a partir da base de lançamentos Kourou, dentro do foguetão Ariane 5. Se tudo correr de acordo com os planos, o James Webb vai levar cerca de um mês a chegar ao seu destino. Mas, a partir daí, vai ainda demorar cerca de meio ano para estar começar a funcionar na totalidade.
Um telescópio com uma missão
Este projeto vai muito mais além de tudo aquilo que foi feito até agora. Espera-se que o James Webb consiga mais longe que o Hubble, o seu antecessor, tendo uma potência 100 vezes superior. Citando um artigo da revista científica Nature, Jeyhan Kartaltepe, astrónoma no Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova Iorque, afirma que este projeto "vai mudar muito do que sabemos sobre muitas áreas da astronomia".
A sua missão é procurar a luz das primeiras estrelas que apareceram no universo, para se poder estudar a formação das primeiras galáxias e como foi a sua evolução. Ou, pelo menos, tentar espreitar alguns milhões de anos após o Big Bang.
Com o Big Bang, surgiram elementos químicos como hidrogénio, hélio, lítio, carbono e oxigénio. Estes elementos, essenciais à vida como a conhecemos e parte da constituição do ser humano, são produto de reações nucleares nas estrelas. Pretende-se que, através da deteção dos restos de luz primordial, seja possível espreitar para lá do tempo, para mais perto do princípio de tudo.
Mas o James Webb não vai vaguear pelo espaço apenas para procurar o brilhos das origens. Além disso, é esperado que procure outros planetas fora do nosso sistema solar. Vai também analisar se é possível a existência de vida nesses mesmos planetas, analisando a sua atmosfera.
Um gigante espacial, um desafio de engenharia
Este projeto não foi apenas ambicioso no que toca a ideias. A construção do telescópio demorou décadas e milhões de dólares e exigiu a colaboração de mais de 1 200 cientistas, engenheiros e técnicos de 14 países. O resultado é um gigante da engenharia com 6 500 Kg. E, no que toca à estética, destaca-se o elemento pelo qual o telescópio chama à vista: um enorme espelho dourado, disposto em peças hexagonais que se assemelham a um favo de mel. Tem 6,5 metros de altura e é composto por 18 peças - cada uma com 1,32 m de diâmetro - feitas de berílio e revestidas de ouro.
A utilização destes materiais foi pensada para optimizar o funcionamento do telescópio,
sendo o que destaca do Hubble. Assim, o James Webb é capaz de captar e refletir a luz infravermelha. Essa radiação, emitida pelos objetos mais distantes no universo, que remete para quase 13,6 mil milhões de anos no passado, continua a atravessar o espaço mesmo depois da sua morte. E, ao captar a luz infravermelha, o James Webb vai ajudar a estabelecer a idade do universo de uma forma mais precisa.
O telescópio está também preparado com um escudo protetor para sobreviver à viagem entre mundos. Todos os aparelhos do telescópio e o espelho estão revestidos com cinco camadas de um material de cobertura espacial revestido de alumínio chamado kapton, de forma a preservar a temperatura interna e proteger das variações de temperatura externa.
"O escudo solar é como um protetor solar com um fator de proteção de pelo menos um milhão, em termos de quanto atenua a energia solar" de acordo com o depoimento de Randy Kimble, cientista de Projetos de Integração e Teste do Telescópio Espacial James Webb, na plataforma digital Space.com, acrescentando que "isso permite arrefecer passivamente o frio, o suficiente para que, na maioria dos comprimentos de onda, as observações não sejam limitadas pelo brilho do telescópio".
Esta camada protetora não funciona apenas como um protetor solar; o seu design é complexo e preciso. As camadas de kapton - um material muito fino e muito leve - são espaçadas de forma meticulosa, de forma a irradiar o calor absorvido por cada camada através das aberturas de modo que o calor absorvido por cada camada seja perfeitamente irradiado da espaçonave através das aberturas da estrutura. Mas apesar de fino e leve, este material destaca-se pela resitência, concedendo ao James Webb a capacidade de suportar o embate de objetos no espaço, como meteoritos.
O plano de viagem
A partida foi assinalada às 12:20h (hora de Portugal continental) do dia 25 de dezembro, sendo lançado a bordo do foguetão Ariane 5; meia hora depois, assinalava-se a separação do foguetão.
A viagem espacial do James Webb começa para lá do Sol, para o ponto L2, um ponto de equilíbrio entre as forças gravitacionais da Terra, da Lua e do Sol. Nesta deslocação vai percorrer cerca de um milhão e meio de quilómetros, estando previsto que demore cerca de um mês a chegar. O progresso da deslocação pode ser acompanhado através da página criada pela NASA.
No entanto, ainda que já esteja no espaço, o telescópio espacial ainda não está completamente operacional. A Agência Espacial Europeia disponibilizou infografias para clarificar os objetivos de trabalho do telescópio e a calendarização no terreno.
A viagem do maior telescópio espacial de sempre assinalou-se oficialmente este ano, mas não é um projeto recente. Os seu percurso foi marcado por adiamentos. Teve data prevista de lançamento em 2007, 2011 e outras datas que acabaram por ser desmarcadas. Mas depois de décadas de trabalho, o telescópio partiu, rumo à missão que pretende revolucionar o nosso conhecimento sobre o universo.
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